Lilypie 1st Birthday Ticker

segunda-feira, agosto 27, 2007

terapia

Acordo com as mamas desconfortáveis de tanto leite. Estão tão grandes que o que me acorda são as dores nas costas, insuportáveis, devido às más posições a dormir por causa destas mamas tão cheias que nem consigo baixar os braços convenientemente.
Depois o bebé mama. Às vezes estão tão cheias que chegam a doer e tenho mesmo que tirar o leite com a bomba.
Fico melhor mas não por muito tempo. Agora a mamada não parece satisfazer o bebé. Será possível que eu já não tenha leite? Mas ele não quer mais leite? Esteve aqui tão pouco tempo. Bom... ele não parece estar a resmungar. Deve ter querido comer pouco.
Chega a próxima mamada... agora não está mesmo satisfeito. Eu bem tento que pegue na mama, mas ele não quer e larga logo a seguir. Chora zangado. E mais uma vez tento que ele pegue na mama. Apalpo-a. Parece ter leite? Está molinha? Não o quero a chorar. Passo-o para a outra mama. Agarra-se a ela desalmado, mas dura pouco tempo. Já a largou e está outra vez zangado. Acabo por lhe oferecer um biberão de suplemento. Ele bebe o que lhe apetece e termina com um sorriso.
Eu é que não sorrio por dentro, ou melhor, fico felicissima e muito aliviada do ver satisfeito, mas pouco depois começa a remoer. Porque tenho tanto leite ao acordar e depois me falta??? Porquê tanto desconforto se depois lhe tenho de dar suplemento???

A roupa é outro problema. Durante a gravidez são só atenções para a mãe. Assim que o bebé nasce a mãe não passa para segundo plano. A mãe simplesmente deixa de ser importante. Toda a gente vem com uma prendinha para o bebé. Muita roupinha para o bebé. Ele precisa é verdade. E tantas, tantas roupinhas que lhe deram e ele nem as vai chegar a vestir. Ou porque são muito grandes, ou muito frescas, ou muito quentes.
E para a mãe? A mãe também não tem o que vestir! Porque não trazem uma prendinha para a mãe?
Estou tão cansada de não ter o que vestir. De colocar todos os dias as mesmas tshirts desengonçadas. De não conseguir vestir o que quero. De procurar qualquer coisa gira no guarda-roupa e nada me servir. Não me servem as calças, não me servem as camisolas, não me servem as camisas, nem as tshirts, nem os soutiens!

E também já não posso ouvir as avós. Faz-me confusão a capacidade que as avós têm para deixar o bebé a chorar desesperado. No fim de semana fizemos visitas a amigos, já a pensar que se calhar lá voltariamos com um bebé irritado e a chorar superestimulado para casa. E afinal não, o bebé ficou feliz da vida.
E no entanto, bastam umas horas (às vezes até só uns minutos) com uma avó, para o bebé ficar zangado e vermelho de tanto gritar.
Nós parvos, tentamos ajudar o relacionamento avó/neto. Quando o bebé começa a estar cansado, falem baixinho com o bebé (o gabriel assusta-se com todos os sons altos), falem-lhe devagarinho, assim calminho.
As avós também não sabem reconhecer que já não têm a idade de antes. Estão convencidas que o neto é o filho ou a filha que tiveram há trinta anos atrás. O bebé já lhes pesa nos braços e em vez de o darem a outra pessoa continuam a agarrar-se a ele e tentam sentá-lo em cima de uma mesa ou em cima do sofá. Depois o bebé cai, escorrega por ali abaixo, assusta-se e chora desalmado.
Querem à viva força trocar-lhe a fralda em cima de uma mesa ou em cima do sofá, por mais que digamos que seja no chão. Do chão ele não cai.
Teimam em abaná-lo dum lado para o outro quando ele já grita de tão estimulado. Querem sempre ser elas a tentar acalmá-lo ao colo e acabam por desistir com ele já a berrar desesperado (obrigadinha, agora já tenho o bebé em sofrimento e vai ser mais difícil acalmá-lo).
Acabam muito ofendidas com o que lhes dizemos. Eu já te criei a ti! Eu já criei muitos meninos! Há trinta anos já fazia assim!

Há trinta anos não haviam cadeirinhas para o carro. Há trinta anos nem sequer era obrigatório o uso de cinto de segurança. Há trinta anos as camas de grades não tinham uma distância regulada entre as grades. Há trinta anos era moda dar leite de lata. Há trinta anos chamavam ao colostro aguadilha e esperavam pelo leite a sério para dar de mamar aos bebés.

Daqui por outros trinta anos as coisas vão concerteza ser muito diferentes do que são agora. E ainda bem, é um sinal de evolução. Mas chateia-me pensar que daqui por trinta anos eu vou, se calhar, acabar como as avós do gabriel.


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